Todo processo de cura emocional requer um tempo para que aconteça. Além de dedicação, é necessário também que estejamos disponíveis emocionalmente para acolher aquilo que nos doe, aprender e transformar.
Naturalmente, quando estamos vivendo um processo doloroso, queremos resolver o mais rápido possível. Assim como um tecido que passa pelo processo de regeneração, inflamação e cicatrização, nossas curas emocionais tem um tempo para que possam acontecer.
Esse tempo pode variar dependendo da técnica, da entrega da pessoa, ferramentas emocionais pregressas, disponibilidade emocional.
Reconectar a vida é um convite a mudar a rota que estamos seguindo.
Por isso o método UPDCV foi criado. Para qualquer transformação acontecer, precisamos dar um passo de cada vez.
Esse metodo tem 5 pilares: Acolhimento, Consciencia Corporal e Emocional, Respiração, Ferramenta Emocional e Autonomia
Quando estamos no meio ao sofrimento emocional, nos sentimos muitas vezes sozinhos, desamparados, vulneráveis. Entramos num estado de sobrevivência.
Temos a sensação que tudo que está ao nosso redor se torna uma ameaça.
Nos sentimos inseguros.
E quando estamos nesse estado emocional, entramos em processo de julgamentos depreciativos e cobranças injustas. Podemos nos sentir agredidos internamente. Nossas decisões são confusas e muitas vezes frustrantes. São baseadas muita mais numa reação emocional do que numa ação consciente daquilo que realmente queremos fazer.
Ficamos fechados viver a vida.
Ficamos fechados para confiar na vida.
Mesmo quando há possibilidade de viver algo bom e gostoso, nos sentimos que algo está errado. Não conseguimos nem confiar no prazer que sentimos.
Para poder viver a vida de forma prazerosa e saudável, precisamos estar abertos a confiar.
Por isso, para começar o processo de cura emocional, necessitamos de acolhimento. Esse primeiro passo permite que possamos criar um espaço interno seguro e com limites, com menos julgamentos ou cobranças, de tal forma que nosso corpo, aos poucos, vai saindo do estado de sobrevivência.
A partir deste ponto, nossas decisões e entendimentos são mais claros. Podemos nos desenvolver de forma mais saudável e segura.
Perceber o nosso corpo e as emoções/sentimentos, nos permite reconhecer onde estamos, como estamos, porque estamos e para onde queremos ir.
O que pensamos e acreditamos é muito importante também, o problema que nossa mente, geralmente foi mal educada. Seguimos, muitas vezes, crenças que não são saudáveis e nem representam aquilo que realmente sentimos sobre a vida. A mente facilmente distorce a realidade que vivemos. Nos apoiar nela, seria como andar a noite numa rua sem luz: podemos até chegar a algum lugar, mas ficaremos mais perdidos e dando voltas do que realmente caminhando com confiança.
Nosso corpo quando sente, ele sente! Se gostamos ou não de algo, sentimos de imediato! Se queremos ou não algo, sentimos na hora! Não há meio termo ou tentativas de negociação. Amamos ou não. Somos felizes ou não. Realização ou frustração. Conforto ou desconforto.
O nosso corpo nos sinaliza constantemente quais são as nossas REAIS necessidades, potencialidades e dificuldades. Muito do que precisamos fazer, nosso corpo apresenta os sinais e sintomas.
Quando percebemos o que sentimos e onde sentimos estamos reconhecendo essa informação como importante e que merece ser acolhida. Nada de julgamento ou cobrança.
Observar o que sente, do jeito que sente.
A partir deste ponto, é possível saber onde estamos e desenvolver um caminho amoroso para chegarmos onde realmente queremos, que seja um lugar que nos conecte a potencia de viver a vida.
O ato de respirar de forma consciente nos traz, instantaneamente, ao presente.
Nos gera uma conexão mais duradoura com o presente. Isso pode ser muito desafiador, principalmente quando estamos em dor ou em sofrimento.
Nossa mente está programada para atenuar nossas dores e sofrimentos distraindo nossa atenção do presente, ocupando com coisas externas, com o passado ou o futuro. Até aqui, está tudo bem.
O problema é quando deixamos de resolver o que precisamos, e acabamos por prolongar algo que, inevitavelmente, precisamos trabalhar.
Durante esse tempo, vamos acumulando angustias, tristezas, impotências, desvalorizações, sensações de fracassos e dependência emocional. Podemos até ter a sensação que não estamos vivendo a própria vida. Nossa respiração se modifica para um padrão de respirar “menos”, porque queremos sentir menos a vida.
Infelizmente quando fazemos isso, podemos a principio até diminuir a dor de viver a vida, mas também comprometemos o prazer de vivê-la.
Quando respiramos de forma consciente, vamos restabelecendo uma conexão com o nosso presente, de tal forma a acalmar o nosso sistema nervoso central, nosso corpo, nos permitindo uma maior clareza e fluidez das emoções e sensações, sem distrações.
Aqui abrimos uma possibilidade real de mudança!
Quanto mais presentes aprendemos a estar, mais conectados a potencia do viver estamos.
A respiração sempre nos conecta ao presente. Não dá pra respirar no passado e nem no futuro. Somente no presente.
A respiração nos conecta a vida do jeito que é.
Acolher o que sentimos, tomar consciência do que sentimos, respirar nos conectando com o que sentimos nos permite perceber o que precisamos desenvolver para que possamos mudar nossa forma de viver.
Imaginemos o seguinte: termos todos os materiais de uma construção de uma casa, ainda não nos permite construir a casa. Precisamos agora aprender a utilizar técnicas que atendam as demandas necessárias na construção dessa casa.
Por isso precisamos desenvolver ferramentas emocionais, que irão nos permitir reformar a nossa casa e até, se necessário, construir a nossa própria casa.
Essas ferramentas podem ser: acolher, aceitar, desapegar, apegar, transformar, limitar, perdoar, reconciliar, empoderar, confiar.
Neste momento passamos por processos de alinhamentos e realinhamentos emocionais. De tal forma, a sempre buscar uma coerência com uma vida justa e boa.
Só podemos desenvolver autonomia emocional para fazer as próprias escolhas quando nos tornamos responsáveis por aquilo que sentimos e somos.
Exercer essa responsabilidade é tomar para si a importância de acolher a própria solidão que a escolha nos impõe, aprendendo a ser uma companhia presente e amorosa para si mesmo.
Nem sempre estaremos amparados por aqueles que amamos e confiamos quando fazemos uma escolha coerente com o que somos e desejamos.
Saber o que quer e o que não quer, muitas vezes vai de contrapartida aos desejos e sentimentos das pessoas ao nosso redor. E por isso, sentimos, muitas vezes abandonados, por achar que necessitamos anular o que sentimos e somos para pertencer a esse meio. Se assim o fizermos, podemos até sentir pertencentes, mas estaremos abandonando a nós mesmos. Abrindo mão da responsabilidade da própria autonomia e entregando-a aos outros.
Só somos livres para escolher, quando conhecemos nossas vulnerabilidades e potencialidades, luz e sombra. Caso contrário, ficaremos presos as reatividades e escolhas inconsequentes, sentindo que somos vitima de tudo e todos.